terça-feira, 30 de junho de 2009

JOVENS APROVAM DIRECTRIZES DE ACÇÃO PARA OS AÇORES


Entre 12 e 14 de Junho, na cidade património Angra do Heroísmo, mais de 100 jovens socialistas das nove ilhas dos Açores aprovaram por unanimidade a moção de orientação política global “Eu sou, tu és – Nós somos Açores”, do Presidente da JS Açores, Berto Messias.
Esta moção, que pretende ser um conjunto de medidas de actuação prática, engloba diversas áreas, definidas pelos jovens socialistas, reunidos no IX Congresso da JS Açores “Links para o Futuro”, como prioritárias para o desenvolvimento da Região Autónoma dos Açores.
Apesar de soar a cliché, o certo é que a juventude ocupa um papel primordial no presente, garantindo a sustentabilidade do nosso futuro. Uma sociedade que deseje seguir no e para o desenvolvimento, não poderá subestimar o poder que os jovens acarretam na sua irreverente e rejuvenescida forma de ver o mundo.
No fim-de-semana do Congresso da Juventude Socialista – Açores, os jovens representativos de uma considerável fracção da juventude açoriana decidiram as linhas orientadoras da sua acção.
Assente nos princípios da Revolução Liberal Francesa de 1789, toda a sua actividade se baseará nos valores da liberdade, fraternidade e igualdade, conscientes da necessidade de consolidação destes valores face à crise económica internacional que avassala o mundo inteiro.
Defendem a emancipação jovem como prioridade da sua acção, uma vez que determina o desenvolvimento das sociedades. Considerando áreas como o emprego e a habitação, estas moldarão o quadro das freguesias e dos concelhos das ilhas açorianas, uma vez que possibilitarão a fixação de jovens.
De igual modo, reclamam por uma juventude mais participativa nas sociedade onde se inserem, agindo cívica e politicamente, em prol do bem-estar dos cidadãos. Recusam a ideia de político para si mesmo ou de gabinete, e reforçam a daquele que produz para os principais destinatários da actividade política: os cidadãos.
Qualificação, inovação, desenvolvimento, empreendorismo, inclusão social, poder local, entre outros temas, foram minuciosamente discutidos, criando-se acções práticas de intervenção.
Esta moção deposita nos jovens socialistas açorianos uma grande responsabilidade. Tentarão derrubar algumas resistências na sociedade através da sua irreverência consciente, acreditando no conceito de bem público e promovendo um desenvolvimento sustentável de todas as ilhas açorianas.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

SUGESTÕES DOS NOSSOS LEITORES

É NOSSA INTENÇÃO COLHER O MAIOR NÚMERO DE CONTRIBUTOS DOS LEITORES DESTE BLOG, CONTRIBUINDO PARA UMA MAIOR PARTICIPAÇÃO CÍVICA NA NOSSA ILHA.
Agradecemos ao Velejador e contamos com ele para mais reflexões!
Tic – Tac
Eleitoral

A pressão do dia – a – dia, tem sempre uma vertente de cidadania e por consequência uma opção política, para qualquer cidadão, incluindo aqueles que a negam.
É bem verdade, que alguns cidadãos não desejam aceitar esta realidade, mas o presente, não engana.
O presente e o futuro, depende de nós. Por isso tem de ser analisado, falado, dialogado e mesmo discutido, para que se encontre um planeamento, que seja capaz de fundamentar o futuro.
Tivemos umas eleições europeias, onde a abstenção reflectiu a indiferença de muitos e isso não foi saudável, para ninguém.
Em breve teremos mais dois actos eleitorais vitais para os próximos quatro anos, as eleições legislativas e para o poder local.
É neste contexto que interessa saber como nos vamos comportar, mas com a certeza que é urgente dialogarmos e participarmos com objectividade, para mais tarde decidirmos o nosso voto.
É fundamental a participação de todos e realçar que quem se abstêm de votar, não tem qualquer moralidade em criticar seja o que for. Isto porque ao demitirem-se de participar, intervindo na vida política, bem como não votando, estão a demitir dos seus direitos e deveres de cidadão.
Os “Caminhos do Faial” só se constroem com um poder local forte e autónomo, com uma cidadania participativa, onde a sua população seja interveniente, opinativa e determinante na conjuntura presente. Só com uma participação efectiva podemos acreditar no futuro.

Velejador

SUGESTÕES DOS NOSSOS LEITORES

É NOSSA INTENÇÃO COLHER O MAIOR NÚMERO DE CONTRIBUTOS DOS LEITORES DESTE BLOG, CONTRIBUINDO PARA UMA MAIOR PARTICIPAÇÃO CÍVICA NA NOSSA ILHA.

Agradecemos ao Velejador e contamos com ele para mais reflexões!

Por uma cidadania de qualidade...
A cidadania é um processo colectivo, onde todos tem um papel fundamental a desempenhar e a desenvolver. Importa reconhecer os cidadãos, que dão sempre o seu melhor, em prol de uma cidadania actuante e contribuem para vencer uma crise generalizada, que vai desde a económica até aos princípios básicos que devem nortear a vivência e o comportamento dos faialenses.
O vento bate-me na face, enquanto o pequeno veleiro vai rasgando o mar (e a vida), meu fiel companheiro, de pensamentos. É sempre assim o mar, impõe-se e obriga-nos a pensar… e reflectir, especialmente a quem vive numa ilha redonda, cheia de labirintos, de interesses, de alguma inveja, de malquerer e de uns poucos, ou muitos, que lutam por uma vivencia onde a fraternidade, a igualdade e a democracia, não são só palavras.
A vida não é feita de facilidades e por vezes tem custos incalculáveis...mas devemos ter as nossas convicções e saber optar sempre por uma cidadania de liberdade, custe a quem custar.
Gosto de ver o Faial a despertar..., no meu observatório, como um voyeur, embrenhado nas notícias e acontecimentos, mas descaradamente atento ao despertar dos que tantas vezes nada tem para dizer, mas falam para se ouvir, enquanto a grande maioria trabalha.
Cada vez mais temos de saber reconhecer quem é importante na nossa sociedade, tão necessitada de cidadãos que pensam, escrevem e actuam, com o espírito de Cidadania e Fraternidade, que partilham as suas ideias, de modo a construir uma vida mais humanizante e com alguma dose de felicidade.

Velejador

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Dia dos Açores

A celebração, neste ano, foi vivida em Toronto – e muito bem – com honra e orgulho de todos os açorianos, independentemente do país onde residem.
Teve um simbolismo especial esta comemoração que uniu Açores e as nossas Comunidades emigradas no Canadá e no Mundo. Também elas são Açores, os Açores que se constroem além fronteiras, parte da Região Autónoma enquanto presença com uma identidade cultural própria.
Esta aproximação entre todos os açorianos tem sido um objectivo constante e assumido desde a primeira hora pelos governos liderados pelo Presidente Carlos César e também pela Assembleia Legislativa.
As comunidades responderam sempre a este desígnio de forma activa e emotiva, generosamente, com sentido de pertença, com grande respeito e com muito trabalho.
Esse trabalho revestiu ao longo dos anos as mais variadas formas e diferentes objectivos: festas do Espírito Santo, estudos sobre a preservação da identidade cultural, criação e participação em filarmónicas, associações culturais ou sociais, grupos folclóricos, grupos corais, grupos ou iniciativas individuais de criação artística com base nestas ilhas, workshops, simpósios, colóquios, encontros académicos, festas populares, enfim… a lista é tão grande, que não caberia aqui! Diferentes objectivos conduziram os líderes comunitários, porém todos eles convergentes com a elevação da imagem da nossa terra, o bom nome do povo açoriano, a ajuda à construção dos Açores.

Nem todos quantos trabalharam com tão nobres objectivos podem ser reconhecidos. Mas esta celebração do dia dos Açores no Canadá, na Província onde se concentram mais açorianos em todo o mundo – Ontário –, é uma homenagem aos que receberam por mérito próprio as insígnias desta Região Autónoma mas também um reconhecimento grato a quantos emigraram, a quantos se fizeram à estrada do sonho, a quantos tiveram a coragem de partir e ajudar os que ficaram, a quantos continuam a dar o melhor que têm e sabem para sentir e divulgar as ilhas nas sociedades de acolhimento. Estamos gratos aos verdadeiros arautos e embaixadores dos Açores!
Esse reconhecimento, sendo um dever desta Região, é um dever de todos nós. É um gesto de aproximação que devemos a todos os que há 56 anos – para só falar nos anos de emigração institucionalmente admitida e para só falar no Canadá, já que foi naquele país que a celebração teve lugar – se aproximam de nós, da terra que continua a ser sua, que estimulam nos seus filhos e netos o interesse pela nossa cultura, pela nossa idiossincrasia, a afeição pela nossa paisagem, o apreço pelas nossas instituições.
Não se pense, porém, que a transmissão cultural é imutável, que os jovens absorvem uma massa cultural homogénea e que a ela darão continuidade; pelo contrário, os elementos recebidos são extraordinariamente diversos e localizados. Na maioria dos casos esta localização é geográfica. Mas ela é susceptível de se revestir, como diz Jean-Pierre Warnier, de uma dimensão mais social que espacial no caso das comunidades dispersas através do mundo, conhecidas como diásporas.
Foi o que aconteceu com os nossos movimentos emigratórios que consubstanciaram a denominada diáspora açoriana. A sua dimensão transmutou-se e hoje é um fenómeno predominantemente social, já que até a própria noção do espaço açoriano que foi levada por essa diáspora era puramente local e assim se manteve nas primeiras gerações até aos nossos dias. O isolamento ilhéu da época devido à precaridade dos transportes e à ausência de necessidade de viajar entre as ilhas, a inexistência de televisão que, por sua vez, impossibilitava, em conjunto com as razões anteriores, o conhecimento dessa dimensão regional politicamente cultivada apenas após o estabelecimento dos órgãos de governo próprio da Região Autónoma dos Açores, o atraso estrutural do arquipélago nos domínios económico e cultural (o analfabetismo atingia índices superiores à metade da população) foram factores que comandaram a referida localização do conceito de espaço açoriano.
Os indivíduos que partiram levaram, neste contexto dos meados do século XX, uma cultura eminentemente popular, de práticas a nível de freguesia ou de concelho ou seja, uma cultura de grupo que, transportada para outra sociedade e transmitida noutro tempo e noutro espaço, foi reinterpretada por cada indivíduo, em função da sua vivência pessoal.
Apesar desta reinterpretação individual com aculturações várias persiste também uma inserção no grupo de pertença, por vezes mesmo uma ramificação mais forte e mais consistente do que a própria árvore de origem, exactamente pelas condições de insularização que assume longe das ilhas, numa tentativa de preservar, intacta, a cultura de origem.
Como escreveu Vitorino Nemésio: “como homens, estamos soldados historicamente ao povo de onde viemos e enraizados pelo habitat a uns montes de lava que soltam da própria entranha uma substância que nos penetra.

Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades

Neste dia em que celebramos a Portugalidade – sentido histórico e cultural de um povo e de um país –, a poesia pelo nome do nosso maior Poeta épico Camões que imortalizou os feitos portugueses n’ Os Lusíadas e as Comunidades portuguesas dispersas pelo Mundo, registamos a homenagem dos Caminhos do Faial.
O povoamento civilizador da terra fez-se com a emigração progressiva e expansiva do homem para além dos lugares de origem. O movimento humano no planeta transformou-o ao longo da sua existência: estruturou sociedades, hierarquizou valores evolutivamente mutáveis, imprimiu marcas indeléveis no ambiente, construiu e derrubou a sua própria obra, de acordo com interesses políticos, geoestratégicos, religiosos, sociais. Nessa caminhada milenar, descobriu e desbravou terras selvagens, colonizou outras, instituiu culturas que normalizaram a vida social, ofereceu os seus conhecimentos aonde o seu aventureirismo ou a sua necessidade o conduziram, e até conquistou terra ao mar. Tudo isto num fenómeno migratório, que só no século XIX começou a ser livre, protegido, regulamentado e estudado como um movimento populacional potenciador de progresso, não apenas económico, mas também cultural.
Portugal foi um dos países que contribuiu para este movimento que mudou a história e a identidade de alguns países, pelos mares que navegou, pelas terras que colonizou, pela emigração que assinalou no mundo a nossa cultura, pela miscigenação que provocou com tantos povos, pela intervenção criadora das comunidades constituídas no estrangeiro como ilhas portuguesas, onde se viveu e vive Portugal.
Foi no equilíbrio de toda esta acção e na “estranha mistura de sangue” que contrariou as purezas étnicas e culturais, que Portugal pode ser considerado um país fundador da interculturalidade pelo que deu e recebeu secularmente, ainda quando esses fenómenos existiam inominados e sem teorizações.
A emigração portuguesa – na sua universalidade e espontaneidade – hoje celebrada no Dia das Comunidades, já no século XIX era assim sintetizada por Eça de Queirós: “estabelece a fusão de raças, cria novos tipos de humanidade e novas originalidades de temperamento.” (…) “É uma força civilizadora na humanidade.” (Queirós, 1874, p.126)

Eleições Europeias

As eleições europeias nos Açores resultaram numa abstenção demasiado elevada para a saúde da democracia. Se os eleitores demonstram tal alheamento, desinteresse, descontentamento ou vontade de penalizar uma Europa que, na realidade, não está muito próxima dos cidadãos, então temos que nos perguntar quais as causas imediatas e profundas desta atitude e tentar inverter a caminhada de distanciamento para seguir a via da aproximação.
Deixo o convite: participem aqui numa troca objectiva de opiniões! E não deixemos apenas aos analistas a responsabilidade de encontrar respostas. As verdadeiras desmotivações são os abstencionistas que as conhecem. Podem ser eles a falar agora, já que não quiseram falar no voto – apesar de sabermos que o silêncio é uma forma de expressão!
Os votos deram ao PSD uma vitória no Faial e nos Açores. Muitas podem ser também as reflexões a partir dos resultados, muitas podem ser as variáveis a entrar em linha de conta nessa reflexão. Tece – parafraseando James Joyce –, tecedor do vento, as mais diversas argumentações. Talvez seja mesmo o momento adequado de cada partido fazer o ser exame interno e tomar decisões construtivas.
Todavia, extrapolar estes resultados para outras eleições, que virão este ano, é extemporâneo e especulativo. Afinal, os eleitores saberão, quando forem chamados a votar outra vez, o seu sentido de voto e quanto o mesmo valerá para expressar a sua vontade.

Ainda o Poeta Eduíno de Jesus

É nossa intenção privilegiar neste blogue os temas do Faial – o que não significa que, de vez em quando, não se insira um tema mais vasto, que diga respeito ao todo açoriano, a Portugal ou ao Mundo.
A primeira excepção que abrimos é exactamente o Poeta, Ensaísta, Professor Eduíno de Jesus. Nascido nos Arrifes, Concelho de Ponta Delgada, estudou em Coimbra e foi em Lisboa – cidade onde vive há muitos anos – que se notabilizou como Homem de Cultura e como Escritor, a nível nacional, sem ter jamais deixado de estudar a sua terra, as suas expressões e, principalmente, a literatura açoriana.
Os Caminhos do Faial felicitam o Doutor Eduíno de Jesus pela sua homenagem, formulando votos para que a nossa literatura distinga os seus valores reconhecidos e abra portas aos que despontam, em todos os Açores.
A Literatura é uma das vias de entendimento da idiossincrasia de um povo, de um momento histórico, de uma personalidade.
E o Poema? É grito ou pincelada estética?
As Palavras de Eduíno de Jesus colhidas em Os Silos do Silêncio:

As Palavras


As palavras meu Deus como são
imprecisas volúveis No entanto
elas só (enquanto os homens passam)
guardam para sempre o sinal do tempo


Delas nascem depois os avisos
as borboletas do ar as larvas da terra
elas próprias escavam os abismos
abrem as asas e o voo (elas só afinal) desferem


Imprecisas? volúveis? mas inamovíveis
elas lá ficam na página branca
à espera de um Levanta-te e caminha
de qualquer voz humana

Eduíno de Jesus - a Homenagem merecida!

Há pessoas tatuadas na nossa vida. Não por nossa escolha, não por escolha delas; simplesmente acontece.
Eduíno de Jesus, Professor, Poeta, Ensaísta, Senhor de uma rara Cultura e de uma não menos rara Humanidade, é um talento que toca profundamente o intelecto e o coração de quem tem o privilégio de o conhecer.
Jamais se impõe, na sua personalidade excessivamente silenciosa e desprendida de honrarias – são sempre os seus amigos que fazem lembrar o que lhe devem os Açores e Portugal – mas está presente sempre que a Literatura é chamada. Eduíno de Jesus vive num mundo superior onde se debatem conhecimentos e ideais, valores e não personalidades.
A leveza intensa do Doutor Eduíno de Jesus é o sucesso do seu brilho, a sua inapagável tatuagem.

Eduíno de Jesus recebe hoje, em homenagem, a medalha de ouro da sua cidade: Ponta Delgada.
As minhas palavras, comovidas e felizes são apenas: parabéns e obrigada!