quarta-feira, 10 de junho de 2009

Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades

Neste dia em que celebramos a Portugalidade – sentido histórico e cultural de um povo e de um país –, a poesia pelo nome do nosso maior Poeta épico Camões que imortalizou os feitos portugueses n’ Os Lusíadas e as Comunidades portuguesas dispersas pelo Mundo, registamos a homenagem dos Caminhos do Faial.
O povoamento civilizador da terra fez-se com a emigração progressiva e expansiva do homem para além dos lugares de origem. O movimento humano no planeta transformou-o ao longo da sua existência: estruturou sociedades, hierarquizou valores evolutivamente mutáveis, imprimiu marcas indeléveis no ambiente, construiu e derrubou a sua própria obra, de acordo com interesses políticos, geoestratégicos, religiosos, sociais. Nessa caminhada milenar, descobriu e desbravou terras selvagens, colonizou outras, instituiu culturas que normalizaram a vida social, ofereceu os seus conhecimentos aonde o seu aventureirismo ou a sua necessidade o conduziram, e até conquistou terra ao mar. Tudo isto num fenómeno migratório, que só no século XIX começou a ser livre, protegido, regulamentado e estudado como um movimento populacional potenciador de progresso, não apenas económico, mas também cultural.
Portugal foi um dos países que contribuiu para este movimento que mudou a história e a identidade de alguns países, pelos mares que navegou, pelas terras que colonizou, pela emigração que assinalou no mundo a nossa cultura, pela miscigenação que provocou com tantos povos, pela intervenção criadora das comunidades constituídas no estrangeiro como ilhas portuguesas, onde se viveu e vive Portugal.
Foi no equilíbrio de toda esta acção e na “estranha mistura de sangue” que contrariou as purezas étnicas e culturais, que Portugal pode ser considerado um país fundador da interculturalidade pelo que deu e recebeu secularmente, ainda quando esses fenómenos existiam inominados e sem teorizações.
A emigração portuguesa – na sua universalidade e espontaneidade – hoje celebrada no Dia das Comunidades, já no século XIX era assim sintetizada por Eça de Queirós: “estabelece a fusão de raças, cria novos tipos de humanidade e novas originalidades de temperamento.” (…) “É uma força civilizadora na humanidade.” (Queirós, 1874, p.126)

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